A dificuldade da consciência negra num país majoritariamente mestiço
Comemoração e um momento para reflexão. Afinal é o Dia Nacional da Consciência Negra comemorado no dia 20 de novembro. O líder do Quilombo morreu no dia 20 de novembro de 1695 enquanto defendia a sua raça e lutava pelos direitos do povo. Esta data é uma homenagem a Zumbi, um escravo que liderou o Quilombo dos Palmares. A abolição oficial da escravatura no Brasil aconteceu em 1888, pela princesa Isabel que assinou a Lei Áurea. O objetivo deste dia é fazer uma reflexão sobre o povo africano que contribuiu na evolução da cultura brasileira. Muitas áreas foram influenciadas pela cultura negra e africana: sociologia, política, religião e gastronomia e entre outras áreas. Enquanto o Brasil vivia o período colonial, Zumbi defendia a luta do negro contra a escravidão. O CL resolveu entrevistar alguns iguaçuanos para falar da importância do Dia Nacional da Consciência Negra. “Existe muito preconceito. Eu acho que hoje o negro está se impondo mais, por isso está adquirindo mais espaço na sociedade. Em alguns lugares existe tratamento diferenciado entre o branco e o negro. Infelizmente isto ainda acontece. O feriado de Zumbi é para que nós,negros, não venhamos esquecer da importância deste líder que lutou pelo nosso povo. Uma coisa que beneficia e ao mesmo tempo discrimina é a cota na faculdade: o negro tem capacidade para estudar como o branco. O Dia da Consciência Negra não deve ser esquecido! Outra coisa, o próprio negro discrimina sua própria cor.”,disse Vanessa de Lima Vasconcellos Gomes,produtora de audiovisual. Em alguns municípios é feriado no Dia Nacional da Consciência Negra. Segundo as estatísticas são exatamente 780 municípios brasileiros que consideram feriado. “A discriminação com o negro não é tanto quanto no início. A ascensão do negro na sociedade continua sendo pouca. Podemos observar nos cargos ocupados. Dentro do contexto temos as cotas na faculdade, onde eles acabam minimizando tentando consertar algo que o país já vem trazendo desde a época da escravatura. Tivemos um país de exploração. O preconceito diminuiu, mas não extinguiu. Continuamos sem espaço na sociedade. Cadê a libertação? Não devemos esquecer do grande líder Zumbi que lutou até a morte para defender e libertar a raça negra da escravidão. Vamos refletir sobre o dia Nacional da Consciência Negra.”,falou Márcia da Silva Carvalho,professora. Para algumas pessoas é momento de refletir sobre tudo aconteceu na história da escravatura. “O dia de Zumbi é um dia de reflexão encima de tudo o que aconteceu e que também nos faz homenagear este herói nacional. Zumbi que liderou um movimento de libertação no Quilombo dos Palmares que não era só para os negros, mas também para outras pessoas que eram discriminadas e colocadas à margem da sociedade. Algumas pessoas acham que não deveria ser feriado nesse dia. Não devemos esquecer que um país é formado por heróis. Temos o exemplo de Tiradentes que foi mártir da Inconfidência Mineira. Eu, como militante do Movimento Negro, estarei apresentando a 11ª edição do Projeto Ilustres e Anônimos – Personalidades Negras de Nova Iguaçu que dá visibilidade as pessoas que contribuem com a sociedade iguaçuana.”,comentou Paulo Santos,repórter fotográfico.Os descendentes dos Quilombolas continuam lutando pelo seu espaço. “Eu sou remanescente quilombola. Algumas pessoas da minha família continuam morando na restinga da Marambaia. As pessoas que vivem neste local são monitoradas o tempo todo. Então eu pergunto: cadê a liberdade? Um dos preconceitos que eu vejo são as cotas na faculdade, isto já é um preconceito. Eu vejo tudo mascarado em nossa sociedade. Temos que refletir sobre este grande negro e herói Zumbi, que sempre será lembrado nas comunidades negras.”,concluiu Cláudia Eugênio,estudante do 2º período de história da UNOPAR.