Violência doméstica contra a mulher continua sendo um caso crônico na Baixada
Tensão, medo, depressão e ansiedade. A violência doméstica contra as mulheres vem crescendo cada vez mais principalmente na Baixada: Nova Iguaçu, Nilópolis e Mesquita. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em Mesquita 1.922 mulheres já sofreram algum tipo de violência, 667 foram vítimas de agressões físicas. Segundo o Dossiê Mulher 2015 e o Instituto de Segurança Pública (ISP), foram 13.067 casos registrados em 2014. Em Nova Iguaçu, Nilópolis, Queimados e Japeri não foram diferentes, os homicídios cresceram ainda mais. Com implantação da Lei Maria da Penha, em 2005, as mulheres vem tentando buscar os seus direitos e respeito. Algumas delas quando tem coragem e vão fazer o Boletim de Ocorrência (BO), na Delegacia de Mulheres, ainda são desrespeitadas e sofrem com esta situação.
Para que os nossos leitores saibam mais sobre o assunto a reportagem do CL esteve no 20º BPM e entrevistou o Comandante Tenente-Coronel Chistiano Roberto Dantas que nos falou que esta uma das ocorrências que mais acontece na Baixada. “É um dos crimes que mais ocorre. Mais de 50% das ocorrências ainda tem sido violência contra as mulheres. Estou tentando fazer uma palestra sobre o assunto junto com o Ministério Público (MP), é interessante treinar os policiais para poder atender as vítimas de violência doméstica. Os lugares mais atingidos são o Km 32,Cerâmica e Nilópolis. As mulheres devem se encorajar e denunciar. Várias ocorrências são feitas pelas mulheres que são ameaçadas pelos maridos por armas de fogo. Muitas são as ameaças com armas de fogo e agressões. Elas devem tomar coragem e denunciar. Infelizmente este tipo de violência parece crônico na Baixada”,disse o Tenente-Coronel Dantas. Um outro tema que merece destaque é o estupro. Infelizmente a maioria das mulheres não denuncia por medo de ser ameaçada pelo estuprador e vergonha porque em alguns momentos a sociedade, ao invés de ajudar, discrimina este tipo de acontecimento. Mas não foi o caso desta vítima de estupro que teve coragem de denunciar. “No ano passado, no dia 10 de outubro, eu fui vítima de estupro pelo meu ex-namorado. Tudo aconteceu depois que eu fui demitida do trabalho no dia 5 de outubro e fiquei desempregada. Fui mandada embora sem os meus direitos trabalhistas e fiquei desesperada. Comecei a entrar em contato com alguns amigos para arrumar um serviço para mim. Então, resolvi pedir ajuda ao meu ex-namorado. Liguei e ele se colocou a disposição para me ajudar e precisava da minha presença na casa dele para completar o meu currículo. No dia 9 ele me ligou me convidando para jantar no dia seguinte (10). Eu aceitei. Como já tinha jantado algumas vezes na casa dele, deixei bem claro que não queria namorar, pois agora ele é só meu amigo,e que estou precisando dos amigos para arranjar trabalho. Enfim, no dia 10 de outubro ele ligou para mim e foi me buscar para jantar com ele. Chegando lá jantamos, eu pedi um copo d’água pois não poderia tomar bebida alcoólica,já que estava tomando dois anti-depressivos e um calmante para dormir.Estava em quadro depressivo devido estar desempregada. Conversamos um pouco e não me lembro de mais nada. Acordei assustada e já era de madrugada, pedi para ele me levar para casa. No dia seguinte (11-10-2015) acordei com o corpo todo doendo, com os braços roxos,pernas machucadas,ânus doendo e sangrando. Toda vez que ia fazer xixi evacuava junto (uma água como diarréia, e com um odor horrível). No dia 13 de outubro ele me ligou para saber como eu estava, e eu falei: você me estuprou. Ele confirmou. Fui ao medico fazer vários exames e graças a Deus não acusou nada. Fui ao DEAM de Nova Iguaçu e fiz o (BO). Porém, conversando com um amigo advogado ele falou que era melhor eu recorrer ao Ministério Público. Chegando lá denunciei a psicóloga do MP falou que eu fui a primeira mulher a denunciar um estupro. É importante que as mulheres denunciem. Todos tem medo do Ministério Público (MP). Estou esperando marcar a audiência no MP,quer dizer, a providencia que o Ministério Público irá tomar. Tenho certeza que eu não fui a primeira vítima dele e que toda a mulher vítima de estupro ou qualquer violência doméstica faça a denúncia ao Ministério Público.Com isso elas estarão salvas como eu para denunciar”,concluiu a psicóloga,Laura Alvarenga Soares.