Criminalidade jamais será debelada se for encarada apenas como um caso de Polícia
Nova Iguaçu pede socorro! O desespero, a insegurança tomou conta da cidade. A população iguaçuana não suporta mais os assaltos que vem acontecendo todos os dias. Furtos de veículos, pedestres são assaltados a qualquer momento. As pessoas não têm o direito de ir vir. A Baixada está vivendo o caos com a violência. As pessoas pedem mais segurança Pública para a cidade. Os bandidos estão nas ruas acionando o terror e enclausurando a população dentro duas suas residências. O que fazer? Mesmo com o exército nas ruas a violência irá diminuir?Esta pergunta está na boca de cada cidadão iguaçuno e também dos cariocas que não têm tido paz por causa da violência. A população quer segurança. Na edição do dia 5 de agosto o CL publicou sobre os deputados da Baixada que foram cobrar mais segurança ao Ministro da Defesa Raul Jungmann. Nesta edição resolvemos dar continuidade a esta pauta para que os nossos leitores fiquem mais informados.
A reportagem do CL entrevistou o professor de História Clayton Monteiro, o advogado criminalista e professor de Processo Penal Flávio Fernandes. Fizemos a seguinte pergunta: O que fazer para melhorar a violência em Nova Iguaçu? “Eu penso que o exército tem que ser uma medida paliativa, não pode ser definitivo. O governo do Estado tem que investir mais na polícia. Tem que ter investimento na educação. Violência não resolve com o braço policial, e sim com o braço social. O Estado tem que investir em educação e saúde pública. Integrar as comunidades à cidade para participar da sociedade. Investir nas políticas públicas de integração. A violência da Baixada é um reflexo dela própria por ser abandonada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, que só enxerga a cidade do Rio. A Baixada é uma extensão do Rio. A maioria das pessoas trabalham no Rio, mas a Baixada tem vida própria, como comércio, indústrias,cultura etc.. temos exemplos das indústrias: Granfino,Niely, Bayer,Canetas Compacto,Café Pimpinela, entre outras. Espero que o Estado invista em suas obrigações que são a saúde,educação e segurança”,disse Clayton Monteiro,professor de História da UNOPAR. A falta de segurança Pública para o Estado e para a população da Baixada tem sido um dos problemas que vem afligindo a população. “Para conter em curto prazo a violência tem que haver policiamento ostensivo nas vias públicas e principalmente nas comunidades. O projeto falido das UPPs acabou difundindo o tráfico pelo Estado. O ex-secretário de Segurança Mariano Beltrame, no início das UPPs deixou claro se o Estado não se fizesse presente com educação, esporte, cultura e lazer o projeto estaria fadado ao insucesso. E foi justamente o que aconteceu. Não se combate a violência e a criminalidade somente com punição. A prova maior disso são os dados da própria Secretaria de Segurança com relação ao espantoso crescimento da população carcerária. O déficit de vaga no sistema carcerário, hoje é crescente”,comentou Flávio Fernandes. Segundo ele, é óbvio que para se conter essa violência que assola a Baixada e todo o Estado é essencial o policiamento ostensivo. Sem o policiamento na rua a onda de violência não irá abaixar. Entretanto, o combate a violência não pode ficar restrito ao imediatismo. Tem sim, que ser pensado a modo e longo prazo com maciço investimento em educação e esporte, longe de ser uma utopia. Isto é baseado em dados concretos. “Aos que pensam que o combate a violência se resume ao encarceramento e exacerbação das penas, os últimos anos de evolução do direito penal e processo penal mostram justamente ao contrário”, concluiu o advogado criminalista e professor de processo penal Flávio Fernandes.